Todo mundo vive falando da tal “zona de conforto”, mas o que representa isso na gestão condominial? Em primeiro lugar, nem sempre é conveniente ou a melhor forma de agir, mas o mais importante de tudo é: como sabemos se estamos ou não dentro desta dita zona de conforto?
Pois bem, na prática, quando falamos em zona de conforto dentro de um contexto condominial nos referimos ao conjunto de ações, circunstâncias, ações e comportamentos aos quais determinado sindico se acostuma perigosamente em seu dia a dia.
Esse conjunto de situações não traz, ao sindico, qualquer tipo de risco e não gera ansiedade ou receio no primeiro momento. Em suma, é aquele ponto, dentro da gestão condominial, no qual o sindico tem a clara sensação de que não há qualquer ameaça administrativa.
A zona de conforto é um ponto no qual a maioria dos síndicos desenvolve uma estratégia ou comportamento que cria um desempenho ou nível de trabalho constante sem maiores esforços, garantindo uma posição neutra e sem riscos, porém deixando de arriscar numa possível melhoria de sua gestão administrativa e financeira ou de capacitação e treinamento para o exercício do cargo.
Claro, que os riscos na gestão condominial são iminentes, e por vezes inevitáveis, como um rompimento de uma tubulação, a quebra de um vidro ou até um acidente de trabalho.
Mas a sensação de “conforto” aparente impede os síndicos de detectar os riscos à sua volta – até mesmo o instinto, o receio e desconfiança naturais do ser humano desaparecem, pela falta de questionamentos, levando o sindico naturalmente a zona de conforto.
A perigosa zona de conforto do sindico, se torna invisível e dá alertas com erros de gestão principalmente, quando o gestor identifica problemas claros e transparentes na gestão com um todo, mas como não há qualquer cobrança por parte de condôminos, a acomodação e o descaso tomam conta, e uma cortina imaginária de segurança se forma a sua volta. É exatamente ai o perigo.
Problemas notórios, mas constantemente mascarados pelos síndicos, principalmente com prestadores de serviços que apresentam serviços muito básicos e incompletos, que dirá quase já ultrapassados e insuficientes, profissionais que na verdade são “marreteiros de plantão” e mantidos pela administração simplesmente porque cobram muito barato e são convenientes.
Mas quando acontece um problema real? E quando chega repentinamente um novo condômino critico de natureza e criterioso de formação – não existente anteriormente - e começa a exigir tudo do sindico? Neste momento, a zona de conforto se transforma em zona de impacto direto, e para piorar as respostas não vem em tempo hábil ao condômino questionador pelo sindico e pelos profissionais ou fornecedores contratados do condomínio, e mantidos pelo sindico por acomodação.
E quais são os sinais e os indicativos de que você se encontra na zona de conforto em sua gestão? Vejamos:
• Problemas visíveis e que você disfarça não existirem
• Profissionais despreparados e limitados que lhe prestam serviços
• Prestação de contas mensal de difícil compreensão
• Fornecedores com produtos de segunda linha
• Grandes períodos de tempo sem prestação de contas aos condôminos
• Falta de entrega de pastas de prestação de contas ao conselho fiscal
• Aquisições e compras desnecessárias e sem controle
• Formação de caixa com valores excessivos e sem comprovação
• Eternas desculpas administrativas sem soluções práticas e a contento
E como sair da zona de conforto? Primeiro imagine que um belo dia, um condômino vai bater a sua porta e exigir de você tudo aquilo que sempre deixa para depois, ou ainda pior, que por negligência ou omissão ficam em segundo plano.
Muito cuidado com essas atitudes comodistas, e se quiser mudar este quadro tenha muita disciplina, e pense nas consequências futuras. É compreensível imaginar que seu cotidiano extremamente confortável pela absoluta falta de criticas ou cobranças dos condôminos não possa mudar. Mais difícil ainda é, se convencer de que situações que hoje não lhe incomodam, podem em algum momento de sua gestão trazer-lhe grandes problemas.
Nunca duvide disso, pois tudo pode mudar em instantes numa gestão condominial.
Reverter este quadro de aconchego e calmaria momentânea é necessário e deve ser levado em consideração pelo gestor preventivamente. Pode ser difícil esta análise, mas prestando muita atenção aos detalhes que o incomodam, e que muitas vezes o sindico finge não existir, é um dos caminhos. Procurar se cercar de profissionais competentes, que mesmo quando não houver questionamento tudo estiver sendo conduzido de forma correta e profissional, garante e previne o sindico de grandes aborrecimentos ao final da gestão.
| Por Aldo Junior - Dr. Condomínio
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