São várias as teorias do “queijo suíço” pelo mundo. Temos exemplos da adoção da teoria na medicina, na aviação, na segurança do trabalho dentre outras interpretações segmentadas. Agora quero trazer essa teoria para as gestões condominiais.
O Queijo Suíço é uma forma de explicar o porquê das falhas, acidentes, desastres e fracassos que acontecem em sistemas complexos. Portanto, é um modelo que funciona muito bem para análise, gerenciamento e identificação de fragilidades e prevenção de riscos.
A mais famosa destas teorias, é a de James Reason, psicólogo britânico, especialista em comportamentos humanos, que definiu o Modelo do Queijo Suíço na década de 90, focando nos riscos atrelados aos processos que podem ocasionar imprevistos em função de suas fragilidades implícitas, fazendo uma metáfora representando as fragilidades visualizadas pelos buracos do queijo suíço.
Na estrutura representativa de Reason, o modelo explica que qualquer componente de uma organização pode ser considerado uma fatia (de queijo). Gestão é uma fatia, alocação de recursos financeiros é outra fatia, estrutura, programas de segurança, controles de qualidade, programas de qualificação e competências de colaboradores, suporte administrativo e operacional, liderança, enfim, todos elementos de um sistema.
Entretanto, esses elementos não são perfeitos. Naturalmente eles contêm falhas e fraquezas. Por isso, cada um desses componentes são representados como fatias de queijo suíço, pois os buracos do queijo representam essas deficiências. Se essas fraquezas se alinharem em todas as fatias, ou seja, um “buraco” em comum em todas as camadas, você terá um desastre na sua gestão.
Mas trazendo a conhecida teoria para o mundo condominial, evidenciamos que existem muitas gestões condominiais pelo Brasil que são verdadeiros “queijos suíços”, vejamos.
Explicando melhor, a relação da imagem do queijo suiço aplicada na gestão de um condomínio, nos remete ao entendimento de uma figura que deveria ser sólida e compacta (gestão) e visualmente repleta de buracos (falhas). Estes aparentes buracos representam as fragilidades encontradas nos diversos processos da gestão de um condomínio, que por sua vez como nos queijos, são de tamanhos diferentes, em locais incertos e sem qualquer tipo de regra, coerência ou parâmetro, assim como os problemas acontecem por falta de preparo nos processos de gestão.
As não conformidades dos processos administrativos, tais como as falhas de gestão operacional nos condomínios em geral prejudicam as operações básicas do dia a dia condominial e caracterizam a metáfora do “queijo suíço”. Quando os processos são bem definidos, estes mesmos procedimentos podem certamente impedir que estes “buracos” apareçam ou cresçam ainda mais pelas falhas não corrigidas ao longo da gestão.
Podemos exemplificar alguns tipos de falhas que norteiam nosso raciocínio como segue:
Tipo 1 - Falha ativa é quando alguém, em algum momento, decide, por exemplo, não usar os equipamentos de segurança, não seguir o procedimento padrão, ou qualquer outra atividade que seria necessária eventualmente. Ou ainda, negligenciar orientações e parâmetros administrativos definidos pelo condomínio, através do agente que atua de forma relapsa com as determinações.
Tipo 2 - Falha latente é uma falha incorporada no processo, procedimento, máquinas, ou qualquer outra coisa. Ou seja, aquilo que é evidentemente errado mas não é corrigido por negligência.
Tipo 3 – “modo de falha” à forma como um processo é levado a operar de forma deficiente, por meio da identificação de causas e efeitos. Um modo de falha é composto por três elementos básicos: efeito, causa e detecção. O efeito é a consequência da falha. A causa é o motivo pelo qual a falha ocorreu, e a detecção é a ação de identificar a dar encaminhamento à solução.
Assim podemos afirmar que sempre as falhas ocorrerão nos processos, mas o gestor deve minimizar seu potencial, através de regulamentação dos processos, conferências constantes dos procedimentos e normas aplicadas, agir em processos de prevenção, bem como corrigir as imperfeições e atuar proativamente na correção das falhas em curto prazo.
E como fazer isso? A fórmula é simples: adotar a prática do conhecimento, com estas práticas a seguir:
Mergulhe em estudos na área condominial;
Leia livros ou artigos especializados sobre condomínios;
Procure cursos na área condominial;
Siga uma referencia ou mentor em condomínios;
Utilizando estas práticas, você conseguirá melhorar muito seu conhecimento especializado e orientar seus colaboradores que compõem sua gestão de modo a eliminar as falhas latentes e evitar os modos de falhas.
Não permita que seu condomínio seja invadido por “ratos oportunistas” que eventualmente se aproveitem das fragilidades( queijo furado) de sua gestão para potencializar a oposição durante seu mandato.
Pense nisso!
| Por Aldo Junior - Dr. Condomínio
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